terça-feira, 26 de agosto de 2014

O Conde de Saint Germain

O lendário Conde de Saint Germain é um dos personagens mais intrigantes do século XVIII. Sua vida pode ser avaliada sob vários pontos de vista, desde a condição de um elevado e sábio alquimista até a de um simples e nobre excêntrico.


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 O Conde Saint Germain teria nascido na Transilvânia, em 28 de maio de 1696; mas, outra fontes determinam seu nascimento em 1709. Era, provavelmente, filho de Francis II Rákóczi, príncipe exilado da Transilvânia. Mas, há referências de que poderia ser filho ilegítimo de Marie-Ann de Neuborg, esposa viúva de Carlos II da Espanha, com o desconhecido Conde Adanero.
Sabe-se que o Conde Saint Germain teve sua educação acadêmica na Itália, sob os cuidados do Duque de Médici. Mas, estranhamente, os primeiros registros de sua vida pública e social iniciam-se apenas em 1743, quando então contava 47 anos de idade, na cidade de Londres. Aproximadamente dois anos mais tarde, esteve na cidade de Edimburgo (Escócia) onde teria sido retido sob a acusação de espionagem. Após recuperar a liberdade, conheceu o célebre filósofo e escritor suíço Jean-Jacques Rousseau, desaparecendo misteriosamente em 1746.


Em 1758, na cidade francesa de Versalhes, retomou sua vida pública e convívio social. Porém, o Conde declarava-se um profissional de pedras preciosas (ourives e lapidador) e comerciante de tecidos que, segundo a lenda, possuíam uma fórmula misteriosa e nunca desbotavam.


Neste mesmo período, infiltrou-se na corte francesa ao presentear com diamante e pedras preciosas. Conta-se que conquistou a confiança do monarca ao reconstituir, de modo misterioso, um diamante quebrado. Ainda, ganhou fama de ser um hábil violinista. Assim, aproveitando-se dos benefícios que sua popularidade lhe trazia, hospedou-se no vilarejo de Chambord, sob a tutela do Rei Luís XV.


No ano de 1760, deixa a França e viaja para a Inglaterra, Países Baixos e Rússia. Neste momento, na Rússia, o Conde Saint Germain é acusado de conspirar contra o imperador e a favor de Catarina – A Grande, de modo que ela pudesse assumir o comando do estado russo. Em seguida, viaja para a Bélgica, onde, sob o nome de Conde de Surmount, adquire terras. Neste momento, o Conde oferece suas técnicas de tratamento de material ao governo belga; mas, sem obter sucesso. Porém, durante as negociações, o Conde Saint Germain, supostamente, transformou ferro em um material semelhante ao ouro, como uma forma de provar sua capacidade técnica.


Após estes fatos, o Conde "desaparece" por onze anos e ressurge em 1774, na Bavária, sob o nome de Conde Tsarogy. Dois anos mais tarde, já estava na Alemanha, apresentando-se como Conde Welldone e comercializando poções, elixires, licores e cosméticos. Ainda, apresentou-se como membro da maçonaria e ganhava notoriedade na corte do Rei Frederico, ao transmutar metal comum em ouro. Ainda na Alemanha, em Schleswig-Holstein, mas sustentando o nome de Francis Rákóczi II, príncipe da Transilvânia, passou a produzir medicamentos naturais e doá-los aos pobres.


Finalmente, em 1784, surgiram rumores de sua morte, que teria ocorrido em 27 de fevereiro daquele ano, vitimado por uma pneumonia. Não havia deixado testamento, apenas alguns escritos de cunho esotéricos e medicinais, além de uma respeitosa obra musical e (supostamente) o livro Santíssima Trinosofia. Porém, a trajetória do Conde Saint Germain não se encerra com este fato.




A Imortalidade

Em 1789, no período inicial da Revolução Francesa, a condessa d'Adhemar, biógrafa e dama da corte de Maria Antonieta, recebeu um bilhete misterioso: "Encontre-me na Igreja da Recoleta". Ao chegar no local, a condessa se espanta ao ver o Conde de Saint Germain, que teria morrido cinco anos antes, aparentando em torno de quarenta e cinco anos de idade.


Giacomo Casanova, o músico Rameau e Madame de Gergy afirmavam ter conhecido o Conde em Veneza, no ano de 1710, sob o nome de Marquês de Montferrat e tê-lo reencontrado em 1775, com a mesma aparência.


Em 1835, o Conde teria sido visto em Paris. Em 1867, em Milão e no Egito. Ainda, a teosofista Annie Besant, afirma tê-lo conhecido pessoalmente em 1896. C.W. Leadbeater, também adepto da Teosofia, teria o encontrado em 1926, na cidade de Roma. Ainda, há rumores de que viva atualmente na Holanda, na cidade de Ulsselstein, atuando como engenheiro ambiental.

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Divino e Contestável

Jean-Jacques Rousseau declarou que era "a mais fascinante e enigmática personalidade que já conhecera". O escritor Horace Walpole, que conheceu Saint Germain em Londres, em 1745, o descreveu: "Ele canta, toca o violino maravilhosamente, compõe, mas é louco e falta-lhe sensibilidade".


Além destes adjetivos, o Conde de Saint Germain possuía um discurso eloqüente que envolvia seus ouvintes. Possivelmente, esta habilidade era usada para galgar degraus sociais de tantos países visitados e seduzir as nobres damas das cortes européias.


Algumas escolas místicas afirmam que Saint Germain é a reencarnação de Santo Albano, do filósofo grego Proclo, José (pai de Jesus), do mago arthuriano Merlin, do ocultista Roger Bacon, de Christian Rosenkreuz (fundador da Ordem Rosa Cruz); até mesmo do navegador Cristóvão Colombo e do escritor e poeta inglês William Shakespeare.


Versado em grego, latim, sânscrito, árabe, chinês, francês, inglês, italiano, espanhol e português, narrava fatos ocorridos milhares de anos antes e pouco registrados na literatura histórica. Capaz de hipnotizar um grande grupo de pessoas. Uma biografia com pouco ou nenhum registro confiável; surgimentos repentinos nas altas classes e desaparecimentos prolongados e inexplicáveis, estatura mediana e uma aparência física constantemente jovial, detentor da Pedra Filosofal e do Elixir da Juventude; estas eram algumas de suas características.


Fato curioso que afirmava-se que o Conde não se alimentava em público; quando questionado a respeito, argumentava que utilizava-se apenas de alimentos específicos, preparados por ele próprio.


Homem de comportamento refinado e misterioso que, aparentemente, possuía uma imensa fortuna (de origem desconhecida). Mesmo seu título nobiliárquico era alvo de contestações; bem como seus "pequenos milagres" ao transmutar material e produzir panacéias infalíveis.


Sob a perspectiva de uma Europa aristocrática e iluminista, o Conde de Saint Germain é uma figura misteriosamente atraente. Sob os olhares contemporâneos, poderia ser considerado um charlatão ou um "engenheiro social". De qualquer forma, ainda hoje, a vida e a imagem de Saint Germain são temas de estudos sérios e divagações de curiosos. Este fato, por si só, já é um índice de popularidade e notoriedade de um homem que nasceu, viveu (e morreu) há aproximadamente trezentos anos.

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